A OpenAI está a finalizar o design de um processador especializado em tarefas de IA, com características que prometem desafiar a hegemonia da NVIDIA. A arquitetura inclui:
- Memória de alta largura de banda (HBM), crucial para transferir grandes volumes de dados a velocidades elevadas;
- Uma estrutura de matriz sistólica, semelhante à usada nos chips da NVIDIA, otimizada para cálculos paralelos em modelos de IA;
- Produção com a tecnologia de 3 nanómetros da TSMC, a mais avançada disponível atualmente.
Este projeto representa um salto tecnológico para a OpenAI, que até agora dependia quase exclusivamente dos processadores gráficos da NVIDIA.
A decisão de replicar elementos da concorrência não é coincidência: visa garantir compatibilidade com software já desenvolvido para ecossistemas existentes.
O Risco (e Custo) de Desafiar a NVIDIA
Desenvolver um processador do zero não é para amadores. Segundo fontes do setor:
- Um único tape-out (fase de envio do design para produção) custa dezenas de milhões de dólares;
- O processo de fabricação de um protótipo demora até seis meses;
- Qualquer erro no design obriga a recomeçar, adicionando custos e atrasos.
Apesar disso, a equipa liderada por Richard Ho — mais pequena que as dos concorrentes como Google ou Amazon — parece ter acelerado o processo.
Enquanto a Microsoft e a Meta levaram anos em projetos semelhantes sem resultados práticos, a OpenAI prepara-se para enviar o design à TSMC já nos próximos meses.
Dados financeiros revelam a dimensão do desafio:
- Desenvolver um chip de grande escala pode custar 500 milhões de dólares;
- Software e componentes periféricos duplicam esse valor;
- Meta e Microsoft planeiam gastar 60 e 80 mil milhões, respetivamente, em infraestrutura de IA até 2025.
TSMC e Broadcom: Parcerias que Podem Mudar o Jogo
A escolha da TSMC não é aleatória. A empresa taiwanesa domina 60% do mercado global de foundry de semicondutores e é a única com capacidade para produção em massa de chips de 3 nm.
Já a colaboração com a Broadcom traz expertise em design de circuitos integrados, essencial para otimizar o desempenho do processador.
Esta aliança estratégica permite à OpenAI:
- Reduzir custos a longo prazo, contornando os preços elevados da NVIDIA;
- Personalizar hardware para as necessidades específicas de modelos como o GPT-5;
- Controlar toda a cadeia de produção, desde o design até à implementação.
Porque é que a NVIDIA Deve Preocupar-se?
Com 80% do mercado de chips de IA, a NVIDIA é hoje incontornável. Mas os movimentos da OpenAI reflectem uma tendência mais ampla:
- A Microsoft desenvolve o Maia 100, focado em Azure;
- A Meta investe em chips para metaverso;
- Até startups como a chinesa DeepSeek mostram que é possível criar modelos poderosos com menos recursos.
O cenário preocupa a NVIDIA por dois motivos:
- Grandes clientes estão a tornar-se concorrentes;
- Avanços em software podem reduzir a dependência de hardware especializado.
Ainda assim, analistas duvidam que a OpenAI abandone totalmente a NVIDIA. Num primeiro fase, o novo chip terá um papel complementar, gerindo partes específicas da inferência de IA.
O Futuro da IA Será Mais Barato?
Se bem-sucedida, a iniciativa da OpenAI pode:
- Baixar custos de operação de modelos de linguagem em até 40%, segundo estimativas;
- Estimular a concorrência, forçando a NVIDIA a rever preços;
- Democratizar o acesso a hardware de alto desempenho para empresas mais pequenas.
O plano de produção em massa está marcado para 2026, mas os primeiros testes na TSMC devem ocorrer já em 2025. O sucesso depende não só da tecnologia, mas também da capacidade da OpenAI em escalar operações — algo que gigantes como a Apple ou a Samsung dominam, mas que é novo para uma empresa focada em software.
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