Samsung não está a deixar nada ao acaso no que toca à defesa dos seus interesses no maior mercado tecnológico do mundo. Em 2024, a empresa sul-coreana investiu 5,45 milhões de dólares só em lobbying nos Estados Unidos, de acordo com dados da OpenSecrets, uma organização que monitoriza os fluxos de dinheiro na política norte-americana.
Embora este número seja impressionante, ele ainda fica aquém do montante despendido por outras gigantes tecnológicas. A Apple, por exemplo, gastou 7,82 milhões de dólares no mesmo período, demonstrando o peso crescente da influência corporativa junto do poder político.
Lobbying: um investimento estratégico num mercado competitivo
Os números falam por si. A Samsung Electronics America liderou os investimentos do grupo, com 5,45 milhões de dólares em ações de lobbying. No entanto, outras empresas do conglomerado também contribuíram: a Samsung Semiconductor investiu 860 mil dólares, enquanto a Samsung SDI America canalizou 610 mil dólares para os mesmos fins. Ao todo, o grupo Samsung investiu 6,98 milhões de dólares em lobbying só no ano passado.
Este valor elevado reflete o impacto direto que decisões políticas e regulatórias podem ter sobre a operação da empresa no território americano. Desde políticas comerciais até tarifas e regras de importação, qualquer alteração pode afetar negativamente setores como os dos eletrodomésticos, televisores, dispositivos móveis e outros produtos que a Samsung vende diretamente ao consumidor final.
Comparações reveladoras com Apple e TSMC
Apesar de ser uma quantia significativa, a despesa total da Samsung ficou ainda abaixo dos quase 8 milhões de dólares que a Apple destinou ao lobbying em 2024. O dado não surpreende, tendo em conta o nível de envolvimento que ambas as marcas têm nos mercados de tecnologia de consumo e serviços digitais, onde a regulamentação é cada vez mais apertada.
Quando se olha para a TSMC, a principal rival da Samsung no fabrico de semicondutores, o contraste torna-se ainda mais evidente. A empresa taiwanesa investiu apenas 3,01 milhões de dólares — menos de metade do valor da Samsung. A diferença explica-se pela natureza distinta do negócio: enquanto a TSMC se dedica exclusivamente ao fabrico de processadores para terceiros, a Samsung atua em múltiplos segmentos e vende diretamente ao consumidor.
A complexidade de ser um gigante multifacetado
A presença diversificada da Samsung nos Estados Unidos, com produtos que vão de frigoríficos a smartphones, exige uma atenção redobrada ao ambiente regulatório. Ao contrário de empresas especializadas como a TSMC, a Samsung precisa de garantir que todas as suas unidades de negócio estão protegidas contra mudanças legislativas que possam afetar margens, cadeias de abastecimento ou até a perceção da marca.
Além disso, a necessidade de influenciar decisões políticas torna-se ainda mais crítica num cenário geopolítico marcado por tensões comerciais entre os EUA e a China, onde muitas peças essenciais dos produtos da Samsung são fabricadas ou montadas.
Influência silenciosa, impacto real
Embora o termo “lobbying” possa trazer à mente imagens de bastidores obscuros, a verdade é que estas práticas são comuns e legais. São, de facto, uma ferramenta que empresas de grande dimensão utilizam para se manterem informadas, influenciar legislação e proteger os seus interesses económicos.
Com uma concorrência feroz e um mercado regulado até ao mais pequeno detalhe, a Samsung parece decidida a manter uma presença ativa em Washington — mesmo que isso implique gastar milhões por ano.
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