O cofundador da Google, Sergey Brin, admitiu ter cometido “muitos erros com o Google Glass”, numa surpreendente aparição durante uma entrevista no Google I/O 2025. A conversa, conduzida por Alex Kantrowitz do Big Technology Podcast, contava com a presença de Demis Hassabis, CEO da Google DeepMind, quando Brin se juntou inesperadamente ao palco.
Esta confissão marca um momento de reflexão, enquanto a Google se prepara para mergulhar novamente no mundo dos óculos inteligentes.
O Regresso de um Visionário e a Admissão de Erros Passados
Lembras-te do Google Glass? Aquele projeto futurista que prometia integrar o digital na nossa visão do mundo? Sergey Brin, uma das mentes por detrás da Google, falou abertamente sobre os desafios enfrentados.
“Não sabia nada sobre as cadeias de fornecimento de eletrónica de consumo”, confessou, admitindo também a dificuldade em construir óculos inteligentes a um preço acessível para o grande público.
Apesar dos contratempos da primeira incursão, Brin continua a ser um fervoroso defensor do formato dos óculos inteligentes. Mostrou-se satisfeito por a empresa estar a apostar novamente nesta tecnologia, desta vez com uma abordagem diferente: “excelentes parceiros que nos estão a ajudar a construir isto”.
Esta nova estratégia parece ser a chave para superar os obstáculos que ditaram o fim do projeto original, há cerca de uma década.
Android XR: Uma Nova Era para os Óculos Inteligentes da Google?
A Google não desistiu do sonho. No mesmo evento, foi revelado o mais recente esforço da empresa para desenvolver óculos inteligentes Android XR.
Estes não são os Google Glass que conheceste. Potenciados pelo Project Astra da DeepMind, a divisão de inteligência artificial da Google, estes novos óculos prometem funcionalidades impressionantes.
Imagina teres traduções em tempo real diretamente no teu campo de visão, receberes direções enquanto exploras uma nova cidade ou fazeres perguntas complexas à inteligência artificial e obteres respostas visuais e contextuais.
Os líderes da Google demonstraram no palco como estes óculos, com capacidades de IA e Realidade Aumentada (AR), poderão assistir-te em diversas situações do dia a dia.
A Força das Parcerias: A Chave para o Sucesso?
Para tornar os óculos Android XR uma realidade, a Google não está a trabalhar sozinha. A gigante tecnológica está a construir uma rede de colaborações estratégicas. Nomes sonantes como Samsung e Xreal estão envolvidos no desenvolvimento, trazendo a sua experiência em hardware e eletrónica.
Além disso, a Google está a investir significativamente, até 150 milhões de dólares, numa parceria com a Warby Parker, uma conhecida empresa de óculos. Este investimento inclui a aquisição de uma participação acionista na Warby Parker, reforçando o compromisso da Google com este novo projeto.
Como Brin referiu, estes parceiros experientes no fabrico de óculos e eletrónica poderão ser cruciais para resolver os problemas da cadeia de fornecimento que tanto afetaram a produção dos primeiros Google Glass. Com esta união de forças, a Google espera finalmente acertar na fórmula.
IA Generativa: O Ingrediente Secreto que Faltava
Um dos aspetos mais entusiasmantes desta nova aposta é o papel da inteligência artificial generativa. Sergey Brin destacou como os avanços recentes nesta área tornam as capacidades dos óculos inteligentes “muito mais tangíveis” do que na época do Google Glass.
A IA não é apenas um complemento; é o motor que pode transformar estes dispositivos em ferramentas verdadeiramente úteis e intuitivas.
A capacidade de compreender o contexto, gerar respostas visuais relevantes e interagir de forma natural com o utilizador abre um leque de possibilidades que antes pareciam ficção científica. O Project Astra da DeepMind está no centro desta inovação, prometendo uma assistência proativa e inteligente.
Brin e o Futuro da IA na Google: Mais do que Apenas Óculos
A presença de Sergey Brin no Google I/O e o seu envolvimento ativo nos projetos de IA da empresa são sinais claros da importância que esta tecnologia tem para o futuro da Google.
Brin, que tinha saído da sua reforma autoimposta, revelou que está no escritório de Mountain View, na Califórnia, quase todos os dias. O seu foco principal? Ajudar a equipa do Gemini, o modelo de IA multimodal da Google.
Um dos projetos em que está a colaborar é o Veo 3, o modelo de geração de vídeo da Google, demonstrando o seu empenho em explorar as fronteiras da IA. “Qualquer cientista da computação não deveria estar reformado neste momento”, afirmou Brin. “Deveriam estar a trabalhar em IA.” Esta declaração reflete a urgência e o entusiasmo que rodeiam o campo da inteligência artificial.
Relatos anteriores sugerem que Brin tem pressionado bastante as equipas do Gemini para competirem na acirrada corrida da IA. Alegadamente, num memorando interno, terá incentivado os funcionários da Google a estarem no escritório pelo menos todos os dias úteis, sugerindo que trabalhar 60 horas por semana seria o ideal para a produtividade.
Este nível de dedicação, vindo de um dos fundadores, certamente injeta uma nova energia nos esforços de IA da Google.
O caminho para o sucesso dos óculos inteligentes ainda é longo e cheio de desafios. No entanto, com a experiência adquirida, parcerias estratégicas e o poder da IA generativa, a Google parece estar mais bem preparada do que nunca.
A visão de Sergey Brin, agora temperada com as lições do passado e impulsionada pelos avanços da IA, poderá finalmente trazer os óculos inteligentes para o nosso quotidiano. Resta-nos aguardar para ver se desta vez, a visão se torna realidade.
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