A Nintendo confirmou que os novos Joy-Cons do aguardado Switch 2 não irão utilizar sensores Hall — uma tecnologia magnética conhecida por eliminar o infame problema do drift. Em vez disso, a empresa optou por um novo design, com analógicos maiores e, segundo o produtor Kouichi Kawamoto, “mais duráveis” e com “movimento mais suave”.
Esta revelação surgiu numa recente entrevista da série “Ask the Developer”, publicada pela própria Nintendo, onde foram destacados os avanços técnicos dos Joy-Con 2. No entanto, o entusiasmo dos fãs foi imediatamente ofuscado por uma preocupação antiga: será que o drift vai continuar a assombrar a nova geração da consola?
O que é o drift e por que motivo é tão problemático?
O chamado “drift” é um defeito nos analógicos que faz com que a consola registe movimentos mesmo quando o jogador não está a tocar nos comandos. Este problema afetou de forma crítica a primeira geração da Nintendo Switch, obrigando a empresa a oferecer reparações gratuitas por vários anos.
Na raiz da questão está o design tradicional dos analógicos que utilizam contactos metálicos a deslizar sobre grafite. Com o uso prolongado, o desgaste gera detritos e falhas de leitura no centro do eixo, provocando movimentos fantasmas que estragam a experiência de jogo.
Embora a Nintendo não tenha sido a única empresa a enfrentar o problema — também a Sony e a Microsoft já lidaram com casos semelhantes — os Joy-Cons da Switch ganharam má reputação devido à sua sensibilidade e tamanho compacto, que amplificava o defeito.
Sensores Hall: o que são e por que tantos os queriam no Switch 2?
Sensores Hall, ou tecnologias magnéticas equivalentes, eliminam o contacto físico entre peças móveis e sensores. Isto reduz drasticamente o desgaste e, consequentemente, a probabilidade de drift. São já utilizados por alguns fabricantes de comandos premium, que valorizam durabilidade e precisão.
Com a crescente popularidade desta tecnologia no mundo dos acessórios gaming, muitos esperavam que a Nintendo finalmente a adotasse na nova geração da consola. Mas a decisão foi outra: manter o sistema baseado em potenciómetros (os tais contactos físicos), ainda que com melhorias na construção.
Analógicos maiores: solução ou apenas maquilhagem?
A esperança da Nintendo parece residir no aumento do tamanho e no alcance dos novos analógicos. Ao proporcionar um “curso” maior, o novo design poderá diluir a sensibilidade exagerada dos Joy-Cons originais e tornar o drift menos percetível.
Especialistas apontam que, apesar de todos os analógicos não-Hall estarem sujeitos a alguma taxa de falha, distinguindo os bons dos maus é a qualidade dos componentes. Ou seja, a durabilidade dos potenciômetros utilizados será decisiva para saber se o redesign compensa a ausência de sensores magnéticos.
A comunidade permanece cética
A reação da comunidade foi mista. Se por um lado há quem acredite que a Nintendo aprendeu com os erros do passado, por outro há uma desconfiança generalizada quanto à real eficácia das melhorias prometidas. A memória dos Joy-Cons originais ainda está fresca e os jogadores não estão dispostos a repetir a experiência.
Além disso, é impossível ignorar o impacto que este problema teve na reputação da empresa: um processo coletivo foi lançado (embora posteriormente arquivado) e o suporte técnico da Nintendo foi sobrecarregado durante anos com pedidos de reparação.
Conclusão: decisão arriscada ou aposta ponderada?
Ao abdicar de uma solução reconhecidamente eficaz como os sensores Hall, a Nintendo coloca-se novamente numa posição delicada. A empresa garante que os novos Joy-Cons são superiores em todos os aspetos, mas sem testes práticos e prolongados, resta esperar para ver se a promessa se cumpre.
Com o lançamento da Switch 2 no horizonte, os fãs da marca esperam que a gigante japonesa tenha finalmente encontrado um equilíbrio entre inovação e fiabilidade. Porque, desta vez, o espaço para erros é muito mais estreito.
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