Segunda temporada de The Last of Us mergulha num ciclo de vingança brutal

A segunda temporada de The Last of Us, da HBO, não só dá continuidade fiel à narrativa dos jogos da Naughty Dog como também aprofunda o universo onde Ellie e Joel lutam pela sobrevivência.

Com apenas sete episódios, a nova temporada cobre aproximadamente metade da história do segundo jogo da série, mas compensa a menor duração com intensidade emocional, conflitos morais e novos personagens que expandem este mundo desolado.

A escolha de Joel ecoa com mais força

A temporada arranca pouco tempo depois da controversa decisão de Joel (Pedro Pascal) no final da primeira temporada. Após salvar Ellie (Bella Ramsey) de uma cirurgia fatal que poderia ter originado uma cura para a infeção, o protagonista mente-lhe sobre o que realmente aconteceu. Esta escolha, profundamente pessoal e egoísta, marca o tom de tudo o que se segue.

Agora instalados em Jackson, uma comunidade relativamente segura no meio do caos, Ellie tenta encontrar o seu lugar como jovem adulta num mundo ainda em ruínas. A relação com Joel sofre com o peso das mentiras, ao mesmo tempo que Ellie explora novos laços afetivos, nomeadamente com Dina (Isabela Merced). A presença de uma terapeuta (interpretada por Catherine O’Hara) ajuda a ilustrar a crescente fragilidade emocional de Joel.

the last of us temporada 2 (3)

A vingança como fio condutor

Mas qualquer sensação de estabilidade é rapidamente desfeita. Um acontecimento marcante — que os fãs do jogo reconhecerão de imediato — desencadeia um ciclo de vingança que arrasta Ellie para uma jornada sombria até Seattle. Determinada a ajustar contas, ela mergulha num ambiente dominado por violência, guerra civil e motivações turvas.

É aqui que surge Abby (Kaitlyn Dever), a figura central do outro lado do conflito. Diferente do jogo, onde a sua história só se revela mais tarde, a série opta por explicar desde cedo quem é Abby e o que a move. Esta abordagem não suaviza o antagonismo entre as personagens, mas torna o enredo mais fluido e eficaz para o formato televisivo semanal.

Seattle: um campo de batalha entre ideologias

A cidade de Seattle transforma-se num novo personagem da série. A tensão entre dois grupos — um movimento militarizado e uma fação religiosa extremista — dá contexto ao estado caótico do mundo. As suas origens e motivações são exploradas de forma mais clara, oferecendo ao público uma compreensão mais rica das forças em jogo.

Enquanto Ellie e Abby se aproximam inevitavelmente de um confronto brutal, o espetador é levado a questionar quem são realmente os vilões desta história. A série não oferece respostas fáceis — e é precisamente nisso que reside parte do seu impacto emocional.

Uma adaptação que respeita o jogo, mas cria a sua própria identidade

Tal como a primeira temporada, esta segunda leva de episódios mantém uma fidelidade impressionante ao material original. No entanto, há espaço para que a série respire por si própria. A narrativa não se limita a seguir os passos de Ellie; há histórias paralelas, novos pontos de vista e momentos íntimos — sim, há cenas com guitarras — que enriquecem ainda mais a experiência.

Apesar da violência explícita e da dureza emocional, The Last of Us continua a destacar-se pela sua capacidade de humanizar as personagens. Mesmo quando os protagonistas tomam decisões difíceis — e por vezes questionáveis — a série consegue mostrar o que os leva até aí.

the last of us temporada 2

Temporada curta, impacto duradouro

Com apenas sete episódios, a temporada termina com a sensação de que ainda há muito por explorar — e essa é precisamente a intenção. A escolha de dividir The Last of Us Part II em duas partes permite um desenvolvimento mais detalhado, o que prepara o terreno para uma terceira temporada que promete ser ainda mais intensa.

Para os que já jogaram o segundo título, a série oferece novos ângulos e emoções. Para os recém-chegados, esta temporada marca o início de uma história tão dolorosa quanto fascinante. Seja qual for o teu caso, esta nova temporada não te vai deixar indiferente.

Amante de tecnologia, desporto, música e muito mais coisas que não cabem em 24 horas. Fundador do AndroidBlog em 2011 e autor no Techenet desde 2012.