A Tesla removeu silenciosamente a opção da bateria extra (“range extender”) do configurador online do Cybertruck, lançando dúvidas sobre o futuro desta solução, que prometia alargar significativamente a autonomia da pickup elétrica mais aguardada do mercado.
O Cybertruck, anunciado originalmente pela Tesla com especificações impressionantes e preços acessíveis, chegou ao mercado com alterações substanciais em relação às promessas iniciais. A versão mais popular, com três motores, tinha sido prometida por cerca de 65 mil euros (70 mil dólares), oferecendo uma autonomia acima de 800 quilómetros (500 milhas).
Contudo, chegou às mãos dos consumidores com um preço significativamente mais alto (cerca de 93 mil euros ou 100 mil dólares) e autonomia reduzida para pouco mais de 515 quilómetros (320 milhas).
O que é (ou era) o “range extender” do Cybertruck?
A opção removida recentemente consistia numa bateria adicional, projetada para ser instalada na caixa de carga da Cybertruck. Esta solução permitiria ao veículo atingir uma autonomia próxima dos valores originalmente prometidos pela empresa norte-americana.
Inicialmente, o extensor de autonomia prometia cerca de 755 quilómetros (470 milhas) para o modelo de dois motores, embora este valor tenha sofrido reduções recentes para aproximadamente 715 quilómetros (445 milhas). Contudo, a solução era polémica desde o início devido a dois fatores críticos:
- Preço bastante elevado, cerca de 15 mil euros (16 mil dólares);
- Ocupação de cerca de 30% do espaço útil na caixa de carga, comprometendo a funcionalidade do veículo.
Além disso, esta bateria adicional exigia instalação e remoção por técnicos autorizados da Tesla num centro de assistência, limitando bastante a flexibilidade da solução.
Porque é que a Tesla desistiu (aparentemente)?
Embora a Tesla não tenha comunicado oficialmente a descontinuação definitiva desta solução, a remoção da opção no configurador levanta dúvidas quanto ao compromisso da marca em disponibilizar a bateria extra a curto prazo. A empresa tinha inicialmente anunciado a disponibilidade da bateria extra para o início de 2025, adiando-a depois para meados deste ano. Agora, ao deixar de aceitar reservas, cresce a especulação de que esta opção poderá não chegar mesmo ao mercado.
Especialistas indicam que o preço elevado e a limitação significativa do espaço útil no Cybertruck são razões suficientemente fortes para explicar o possível abandono desta solução. Além disso, o facto da autonomia prometida ter sofrido uma redução de cerca de 40 quilómetros recentemente pode ter influenciado negativamente a perceção do produto por parte dos consumidores.
O impacto nas vendas e na reputação da Tesla
Esta decisão pode trazer implicações para a imagem da Tesla, que tem enfrentado críticas constantes relativamente à diferença entre as especificações anunciadas e o produto final entregue aos clientes.
O Cybertruck, inicialmente apresentado como revolucionário tanto no preço como na autonomia, acabou por se revelar um veículo significativamente mais caro e menos eficiente do que o prometido. Este facto levou muitos consumidores a questionar se vale a pena investir neste veículo, especialmente quando comparado com outras opções elétricas já disponíveis no mercado.
Por outro lado, a procura continua forte apesar destas alterações. A Tesla mantém um grande volume de reservas, o que indica que, apesar das mudanças negativas, o Cybertruck ainda é visto como um símbolo de inovação e estatuto por muitos fãs da marca e entusiastas de veículos elétricos.
Futuro incerto para o “range extender”
A retirada do “range extender” levanta mais perguntas do que respostas. Poderá ser uma estratégia temporária da Tesla para reorganizar o seu portefólio de produtos, ou simplesmente uma indicação clara de que esta opção nunca se tornará realidade?
Até ao momento, a Tesla continua a listar oficialmente no seu site as autonomias alcançáveis pelo Cybertruck com e sem esta bateria extra, mas sem permitir novas reservas. A falta de uma declaração clara deixa os consumidores numa posição difícil: avançar com a compra assumindo as limitações atuais ou esperar indefinidamente por uma solução que poderá nunca chegar ao mercado.
Este cenário, marcado por incertezas, deixa evidente que o percurso do Cybertruck continua envolto em polémica, enquanto os consumidores esperam por respostas claras da marca liderada por Elon Musk.
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