Huawei aponta para os 126 mil milhões de dólares em 2025

A Huawei está a demonstrar uma resiliência notável e, depois de apresentar o seu maior crescimento desde 2020 na primeira metade do ano, a empresa já traçou uma meta ambiciosa para o futuro próximo. O gigante tecnológico chinês pretende ultrapassar os 126 mil milhões de dólares (cerca de 900 mil milhões de yuan) em receitas já em 2025, um objetivo impulsionado por um motor que muitos davam como perdido: a sua produção interna de processadores 5G para smartphones.

Este plano ambicioso é o culminar de uma estratégia de autossuficiência forçada pelas sanções internacionais, que obrigou a empresa a olhar para dentro e a investir como nunca no seu próprio desenvolvimento. O sucesso desta aposta está agora a dar frutos, permitindo à Huawei não só recuperar o terreno perdido no seu mercado doméstico, mas também sonhar novamente com uma posição de destaque a nível global. O segredo para este regresso em força não é segredo nenhum: um investimento colossal em Investigação e Desenvolvimento (I&D).

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O investimento como arma para a autossuficiência

Os números não mentem e mostram a dimensão do esforço da Huawei. Só nos primeiros seis meses de 2025, a empresa investiu a impressionante verba de 96,9 mil milhões de yuan (cerca de 13,5 mil milhões de dólares) em I&D. Este valor representa um aumento de mais de 9% em relação ao ano anterior e corresponde a quase 23% de todas as receitas da empresa no período.

Este investimento massivo é a espinha dorsal da estratégia da Huawei. Ao canalizar uma fatia tão significativa das suas receitas para a inovação, a empresa garante não só a sua independência tecnológica, mas também a capacidade de ditar as regras do jogo, pelo menos dentro de portas. O foco está claro: dominar a produção de processadores e construir um ecossistema de software e hardware que não dependa de terceiros.

Os três pilares da estratégia de processadores

A aposta da Huawei no mercado de processadores assenta em três frentes de batalha distintas, cada uma com um alvo específico, mas todas a contribuir para o objetivo final. A estratégia da empresa divide-se em três grandes famílias de processadores:

  • Kirin para smartphones: Este é o nome mais conhecido do público e a ponta de lança da ofensiva da Huawei. O regresso dos processadores Kirin com capacidade 5G aos seus smartphones foi o catalisador que reacendeu as vendas e a confiança dos consumidores. É o sucesso desta linha que está a impulsionar grande parte do crescimento previsto.
  • Kunpeng para centros de dados: Longe dos holofotes do mercado de consumo, a linha Kunpeng é vital para o segmento empresarial e governamental. Estes processadores alimentam servidores e centros de dados, uma área de negócio crucial para a infraestrutura digital da China.
  • Ascend para Inteligência Artificial: Com a IA a dominar a conversa tecnológica, a linha Ascend posiciona a Huawei como um jogador-chave neste setor. Estes processadores são desenhados especificamente para tarefas de IA, competindo diretamente com as soluções de gigantes como a Nvidia.

Esta abordagem tripartida permite à Huawei atacar múltiplos mercados em simultâneo, desde o consumidor final a grandes corporações, solidificando a sua posição como uma potência tecnológica diversificada e autossuficiente.

Um ecossistema para garantir o futuro

A Huawei sabe que o hardware, por si só, não é suficiente. Por isso, em paralelo com o desenvolvimento de processadores, a empresa está a investir fortemente na criação de um ecossistema de software próprio. O objetivo é claro: criar uma alternativa viável e robusta aos sistemas ocidentais.

Isto inclui o desenvolvimento contínuo do seu sistema operativo, o HarmonyOS, a criação de bases de dados próprias e o aprimoramento dos seus serviços de computação na nuvem alimentados por IA. Esta visão holística é fundamental para garantir a lealdade dos seus clientes e para oferecer uma experiência de utilização coesa e integrada, onde o hardware e o software trabalham em perfeita sintonia.

As palavras de Zhang Pingan, o CEO da Huawei Cloud Computing, confirmam a direção: o investimento vai ser ainda maior e a produção de processadores 5G vai acelerar. O objetivo já não é apenas sobreviver ou reconquistar o mercado chinês. A meta para 2025 é a prova de que a Huawei está de volta ao jogo e pronta para lutar por um lugar de destaque no palco tecnológico mundial.

Amante de tecnologia, desporto, música e muito mais coisas que não cabem em 24 horas. Fundador do AndroidBlog em 2011 e autor no Techenet desde 2012.