OpenAI ouve as queixas e traz o GPT-4o de volta

Numa reviravolta que poucos antecipavam, a OpenAI anunciou que vai reintroduzir o seu modelo de linguagem GPT-4o, apenas alguns dias depois de o ter substituído pelo mais recente GPT-5. A decisão surge como resposta direta a uma onda de críticas e queixas por parte dos utilizadores, que não ficaram nada satisfeitos com o desempenho do novo modelo. Este episódio invulgar no mundo da tecnologia mostra que, por vezes, nem o mais recente e avançado é sinónimo de melhor, e que a voz da comunidade ainda tem o poder de influenciar os gigantes da indústria.

O plano original da OpenAI era claro: o GPT-5 chegaria para substituir todos os modelos anteriores, tanto para os utilizadores da versão gratuita como para os subscritores do plano pago ChatGPT Plus. No entanto, a transição esteve longe de ser pacífica. A empresa subestimou o quão apegados os seus utilizadores mais fiéis estavam às características e ao “comportamento” do GPT-4o, o que forçou um recuo estratégico. Vamos perceber o que correu mal e o que este regresso significa para o futuro do ChatGPT.

chatgpt 5

Um novo modelo que não agradou a (quase) ninguém

A chegada do GPT-5 foi recebida com uma onda de descontentamento que inundou as redes sociais e os fóruns da especialidade. As críticas foram duras e diretas. Muitos descreveram a nova versão como “horrível”, “insuficiente” e até “detestável”. Uma das analogias mais partilhadas comparava a interação com o GPT-5 à de lidar com “uma secretária sobrecarregada”, uma metáfora que ilustra bem a frustração sentida. Mas o que motivou esta reação tão negativa?

Os problemas apontados eram variados. Em primeiro lugar, muitos utilizadores queixaram-se de que o GPT-5 fornecia respostas significativamente mais curtas e menos elaboradas do que o seu antecessor. Para quem usa a ferramenta para tarefas complexas que exigem desenvolvimento e profundidade, esta mudança foi um passo atrás. Outro ponto de atrito foi a nova tendência do modelo para apresentar múltiplas respostas, obrigando o utilizador a escolher uma delas. Se o principal objetivo de usar uma ferramenta de IA é poupar tempo e otimizar processos, esta abordagem revelou-se contraproducente. A juntar a isto, foram impostas restrições mais apertadas na sua utilização, o que limitou ainda mais a experiência. No final do dia, a perceção geral era clara: o GPT-5, em muitos cenários práticos, era simplesmente pior que o GPT-4o.

A resposta da OpenAI: um passo atrás para dar dois em frente?

Felizmente, a OpenAI demonstrou estar atenta ao feedback. Sam Altman, o CEO da empresa, veio a público através das redes sociais reconhecer a falha. “Subestimámos claramente o quanto algumas das coisas que as pessoas gostam no GPT-4o são importantes para elas, mesmo que o GPT-5 tenha um desempenho superior na maioria dos aspetos”, admitiu Altman. Esta declaração foi seguida pelo anúncio oficial: o GPT-4o vai regressar.

No entanto, há algumas condições. Este regresso, para já, é exclusivo para os subscritores do plano pago ChatGPT Plus, que tem um custo de 20 dólares mensais. Além disso, não está claro por quanto tempo o modelo antigo permanecerá disponível. “Vamos observar a utilização para decidirmos por quanto tempo iremos oferecer os modelos legados”, explicou Altman, deixando a porta aberta para uma futura descontinuação.

Em paralelo, a OpenAI não está de braços cruzados. A empresa anunciou que os limites de utilização do GPT-5 vão ser duplicados para os utilizadores Plus e que já estão a ser implementadas melhorias “nos bastidores” para tornar o novo modelo “mais inteligente”. É um sinal claro de que, embora tenham dado um passo atrás para acalmar a comunidade, o foco continua a ser a evolução e o aperfeiçoamento do GPT-5.

O futuro do ChatGPT: personalização e aprendizagem contínua

Este episódio serve como uma lição valiosa para a OpenAI e para toda a indústria de IA. Mostra que a corrida pela inovação não pode ignorar a experiência real do utilizador. Sam Altman também adiantou que a sua equipa está a explorar formas de oferecer diferentes “personalidades” e mais opções de personalização dentro do mesmo modelo. A ideia é que, no futuro, possas ajustar o comportamento do ChatGPT para que ele se adapte melhor às tuas necessidades e preferências específicas, em vez de uma solução única para todos.

A reintrodução do GPT-4o é, portanto, uma medida temporária, uma ponte enquanto o GPT-5 é refinado para corresponder (e superar) as expectativas. Para os utilizadores, é uma vitória que reafirma o seu poder de influência. Para a OpenAI, é um percalço que se pode transformar numa oportunidade de criar um produto final ainda melhor e mais alinhado com o que as pessoas realmente querem e precisam. Resta-nos aguardar para ver as próximas otimizações no GPT-5 e descobrir se, da próxima vez, a transição será mais consensual.

Amante de tecnologia, desporto, música e muito mais coisas que não cabem em 24 horas. Fundador do AndroidBlog em 2011 e autor no Techenet desde 2012.