Samsung entra em força na Realidade Mista: Galaxy XR custa metade do Vision Pro e traz a IA da Google

A espera terminou. Depois de meses de rumores e expetativa, a Samsung acaba de lançar oficialmente o seu ataque ao mercado de Realidade Mista (XR) de topo com os Galaxy XR. Numa apresentação virtual que marcou a sua entrada séria neste novo campo de batalha, a gigante sul-coreana não veio sozinha. Trouxe consigo os seus parceiros de peso, a Google e a Qualcomm, para apresentar um dispositivo que não é apenas um clone do Vision Pro da Apple; é a primeira grande aposta do ecossistema Android neste segmento, com um trunfo esmagador: o preço.

Custando uns impressionantes 1.799 dólares – literalmente metade do preço do seu rival da Apple – os Galaxy XR não são apenas um produto; são uma declaração de guerra. A Samsung está a apostar que a chave para democratizar a Realidade Mista de alta qualidade não está apenas na tecnologia, mas também na acessibilidade. E, para adoçar o negócio, recheou o seu headset com a mais recente Inteligência Artificial da Google, o Gemini.

samsung galaxy xr oficial

Metade do preço, mas será metade da experiência?

A comparação com o Vision Pro é inevitável, e a Samsung parece tê-la abraçado de frente, começando pelo preço. Os $1.799 colocam os Galaxy XR num patamar significativamente mais acessível, tornando a promessa de um futuro imersivo um pouco menos distante para o consumidor comum. O headset já está à venda nos EUA e na Coreia do Sul, com um lançamento global previsto para breve, e inclui ainda um “Explorer Pack” com aplicações e subscrições (como YouTube Premium) para adoçar o negócio inicial.

Mas para cortar o preço pela metade, a Samsung teve de fazer escolhas. E é no hardware que as diferenças começam a surgir:

  • Ecrãs: Os Galaxy XR ostentam dois painéis Micro-OLED 4K (resolução ligeiramente inferior à do Vision Pro), mas a taxa de atualização fica-se pelos 90Hz, contra os 120Hz da Apple. Uma diferença que pode ser notória em movimentos rápidos.
  • Processador: No coração do dispositivo está o Snapdragon XR2+ Gen 2 da Qualcomm. Embora seja um chip potente e otimizado para XR, a própria fonte admite que “definitivamente não é tão rápido” como o M5 da Apple. A Samsung aposta na renderização foveated (que foca a máxima resolução apenas onde o olho está a olhar) para otimizar o desempenho.
  • Bateria: Tal como o Vision Pro, a bateria é externa e oferece cerca de duas horas de utilização, um dos calcanhares de Aquiles desta primeira geração de headsets MR.

No entanto, noutras áreas, a Samsung não fez concessões. O headset, com 545 gramas, foi desenhado com foco no conforto e equilíbrio, inclui seis câmaras para tracking, duas para passthrough a cores (ver o mundo real), um sensor de profundidade e quatro câmaras internas para seguir o olhar do utilizador, permitindo controlo por olhar e desbloqueio por íris – tal como o Vision Pro. Inclui também altifalantes com som espacial e vem com comandos físicos incluídos na caixa, algo que a Apple não oferece de base.

O cérebro Gemini: a IA como interface

Se no hardware a Samsung parece jogar pelo seguro para controlar o preço, é no software e na Inteligência Artificial que a empresa aposta para se diferenciar. Os Galaxy XR são o primeiro grande dispositivo a correr o Android XR, a versão do sistema operativo da Google otimizada para Realidade Mista, e têm a IA Gemini profundamente integrada no seu núcleo.

Em vez de depender apenas de menus ou comandos de voz rígidos, o Gemini permite uma interação multimodal. Podes apontar para um objeto no mundo real e fazer uma pergunta sobre ele, usar gestos para navegar pelas tuas Google Photos, ou pedir ao Gemini para melhorar ou converter conteúdo 2D em 3D.

A IA estende-se à produtividade, com capacidade para resumir documentos, gerir a tua agenda ou participar em videochamadas usando avatares personalizáveis (Galaxy Avatars). E, claro, o entretenimento está garantido, com acesso a conteúdo imersivo do YouTube, Google TV e experiências XR da própria Samsung. A empresa destacou ainda utilizações práticas como fitness guiado por IA, navegação em Realidade Aumentada e espaços de trabalho colaborativos.

O trunfo do ecossistema Galaxy

Outra grande vantagem para a Samsung é a sua base instalada. Os Galaxy XR foram desenhados para funcionar em perfeita harmonia com o resto do ecossistema Galaxy. Através do Samsung Flow e do Quick Share, podes mover conteúdo facilmente entre o headset, o teu telemóvel, relógio ou portátil, ou até projetar ecrãs virtuais para uma experiência de multitasking imersiva. Para quem já vive no universo Samsung, a integração promete ser um argumento de peso.

Com o lançamento dos Galaxy XR, a Samsung não está apenas a lançar um produto; está a lançar um desafio. Está a dizer à Apple que o futuro da Realidade Mista não tem de custar 3.500 dólares. Resta saber se os compromissos feitos no hardware serão compensados pela inteligência do software e pela atratividade do preço. A corrida pela nossa nova realidade acaba de ficar muito mais interessante.

Amante de tecnologia, desporto, música e muito mais coisas que não cabem em 24 horas. Fundador do AndroidBlog em 2011 e autor no Techenet desde 2012.