Espanha desafia críticas dos EUA e mantém confiança na Huawei

O governo de Espanha voltou a afirmar a sua confiança nas soluções tecnológicas da Huawei, mesmo perante as recentes críticas vindas dos Estados Unidos. Em causa está a escolha da empresa chinesa para fornecer sistemas de armazenamento de dados à plataforma SITEL, usada pelas forças de segurança espanholas para interceção legal de comunicações.

Segundo as autoridades espanholas, esta decisão respeita todas as regras e normas da União Europeia, bem como compromissos internacionais assumidos pelo país. O executivo defende que a parceria com a Huawei resulta de um processo público, transparente e baseado em critérios técnicos e legais.

O papel da Huawei na infraestrutura espanhola

A Huawei foi escolhida para implementar o sistema OceanStor, uma solução reconhecida pela sua fiabilidade e capacidade de armazenamento em larga escala. O contrato, avaliado em 12,3 milhões de euros, prevê a gestão e o armazenamento de ficheiros de áudio recolhidos no âmbito de investigações criminais.

Importa sublinhar que esta infraestrutura não está relacionada com o Centro Nacional de Inteligência (CNI), mas sim com a SITEL, sob responsabilidade do Ministério do Interior. O governo fez questão de esclarecer esta distinção, indicando que a SITEL serve objetivos operacionais, judiciais e policiais, enquanto o CNI lida com inteligência nacional e internacional de alto nível.

huawei espanha

Espanha rejeita pressões externas e reforça soberania

Face às declarações públicas dos EUA, que sugeriram rever os mecanismos de partilha de inteligência com Espanha devido à inclusão da Huawei em contratos públicos, o governo espanhol foi perentório: a decisão foi tomada de forma independente e em conformidade com os regulamentos europeus.

O executivo reitera que não existe qualquer risco comprovado de segurança associado à solução OceanStor da Huawei neste contexto. Espanha sublinha a sua soberania tecnológica e a capacidade de tomar decisões estratégicas sem ceder a pressões externas, desde que não haja fundamentos técnicos ou legais para tal.

  • Decisão baseada em critérios técnicos, legais e de eficiência.
  • Processo público e transparente.
  • Nenhum risco de segurança comprovado até ao momento.
  • Soberania tecnológica como princípio fundamental.

Huawei mantém presença no mercado europeu

Apesar das restrições impostas em mercados como os Estados Unidos e países do grupo Five Eyes, a Huawei continua ativa na Europa, fornecendo infraestruturas de redes, armazenamento e soluções empresariais a entidades públicas e privadas.

A empresa chinesa tem reforçado o compromisso com as normas de segurança cibernética e proteção de dados da União Europeia, sujeitando-se a auditorias e conformidade técnica como qualquer outro fornecedor.

Espanha dá sinal claro de independência tecnológica

A confirmação da parceria com a Huawei demonstra que Espanha pretende manter uma postura independente na gestão das suas infraestruturas tecnológicas. O governo deixa claro que as decisões serão sempre tomadas com base na segurança, eficiência e legalidade, respeitando as normas europeias e a soberania nacional.

Este episódio reforça o debate sobre a autonomia dos países europeus na escolha dos seus parceiros tecnológicos, num contexto global cada vez mais marcado por tensões geopolíticas.

Amante de tecnologia, desporto, música e muito mais coisas que não cabem em 24 horas. Fundador do AndroidBlog em 2011 e autor no Techenet desde 2012.